Cidadã acusa Secretaria de Saúde de negar prótese ortopédica
Da Redação
Vítima de uma infecção generalizada na juventude que lhe custou a amputação de uma das pernas, Arlete Pires de Almeida Barcellos afirma que a Secretaria de Saúde está lhe negando uma prótese especial recomendada por médicos.
Segundo seu esposo Haroldo Borges Barcellos, a Secretaria da Saúde já foi procurada diversas vezes, mas até o momento o caso não foi resolvido. Por não ter acesso à prótese do tipo hidráulica, no valor aproximado de R$ 26 mil, indicada pelos médicos que avaliaram o seu caso segundo ela, Arlete desenvolveu uma série de problemas como lesão no menisco da perna esquerda e hérnias de disco, entre outros.
Arlete diz que já usou próteses diferentes da indicada que, ao invés de ajudar, acabou por agravar seu problema de saúde, tendo inclusive que passar por uma cirurgia para retirada de cistos. “Tomo uma grande quantidade de remédios para dor e até mesmo antidepressivos. Já chegaram a sugerir que eu não quero aceitar uma prótese de valor inferior por ‘luxo’, mas não é verdade. Já usei esse tipo de prótese, que não se ajusta ao meu corpo e causa lesões”, alega.
LESÕES – Sem o equipamento adequado desde o final do ano passado, Arlete Pires se sente impossibilitada de levar uma vida normal. A munícipe afirma que só sai de casa para frequentar as aulas de hidroginástica, cedidas gratuitamente pela Academia Power Trainer, e a fisioterapia, também cedida gratuitamente pela Faculdade Sudoeste Paulista (FSP).
Em seu processo de recuperação após a amputação, ela diz que jamais se adaptou à cadeira de roda. “Não tenho força nos braços para usar a cadeira, as muletas ajudam, mas não consigo percorrer grandes distâncias, pois as dores causadas pela lesão no menisco e hérnia me impedem. Muitas vezes preciso de ajuda até para tomar banho”, destaca.
Ela diz ainda que seu marido Haroldo, que é cadeirante, foi até a Secretaria da Saúde no dia 3 de outubro para tentar conversar pessoalmente com a secretária Vanda Nassif, mas não foi atendido. “Na volta eu caí no meio da rua e fui socorrido por pessoas que passavam. Uma coisa que deve ser frisada é o carinho e o respeito da população de Avaré com os deficientes”, destaca Haroldo.
DIAGNÓSTICO – Arlete também relatou à Comarca que no início do ano foi encaminhada à Unidade de Saúde da Família (USF) da Brabância para passar por uma avaliação de um médico, protético, assistente social e enfermeira. “Novamente foi diagnosticado que a prótese mais indicada para mim é do modelo hidráulico com ‘copo cat-can’. Esse tipo de prótese é mais moderna, é possível dobrar o joelho, fazer diversas atividades, pois ainda por cima pesa dois quilos a menos. Mas a prótese que me ofereceram é inteiriça, ou seja, não dobra e é mais pesada”.
Arlete também comenta que a Secretaria da Saúde afirmou que os casos envolvendo próteses são de responsabilidade exclusiva da Secretaria dos Direitos das Pessoas com Deficiência. “Eu não entendo, é uma recomendação médica, e diferente do que estão tentando alegar, eu não quero ‘luxo’, quero evitar problemas futuros, já estou com muitos problemas de saúde, todos causados pela ausência do equipamento adequado ao meu caso”.
OUTRO LADO – Segundo informações da Secretaria da Saúde, Arlete foi encaminhada à Rede Lucy Montoro, por esta ser “referência para o Sistema Único de Saúde (SUS)”, e que após o primeiro atendimento Arlete teria se negado a realizar os dois últimos retornos, tendo inclusive “dispensado o veículo que foi buscá-la para levá-la ao local”. A munícipe, no entanto, afirma que tomou a decisão pois não pode fazer uso da prótese que não é indicada para seu caso.
A secretária Vanda Nassif também afirmou que mais informações seriam conseguidas através da Secretaria de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, gerida por Sandra Ribeiro.
Em contato, Sandra afirmou que não existe nenhuma recusa em oferecer equipamento ou prótese, e que assim como em casos semelhantes, Arlete foi encaminhada à Rede Lucy Montoro, referência estadual no atendimento tratamento de reabilitação para pacientes com deficiências físicas.
Segundo Sandra, no local o deficiente passa por um tratamento completo, com avaliação multidisciplinar, e só após esse processo recebe a prótese mais indicada.
“Arlete passou por apenas uma consulta e se negou a voltar. Ela é que se nega a realizar o tratamento. A prótese que ela exige não foi negada, e nem foi oferecida uma prótese de qualidade inferior. Aliás, nós sequer sabemos qual é a prótese adequada para este caso, já que ela se recusa a continuar o tratamento”, destaca a secretária.
Sandra Ribeiro disse também que caso Arlete queira continuar o tratamento na rede, que além de especialistas em próteses, conta com equipe formada por assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros e fisioterapeutas, entre outros profissionais, bastando procurar a Secretaria para agendar novas consultas. “Nós estamos de portas abertas, mas não podemos forçar que ela aceite o tratamento”, finaliza.