AcontecendoDescarte de livros gera polêmica em redes sociais

A Comarca31 de março de 20149 min

Descarte de livros gera polêmica em redes sociais: responsáveis  pela Biblioteca Municipal alegam que prática é amparada pela lei

Da Redação

A bibliotecária Josana Souza Carlos mostra o estado de livros que são descartados; na maioria dos casos, as folhas se soltam facilmente
A bibliotecária Josana Souza Carlos mostra o estado de livros que são descartados; na maioria dos casos, as folhas se soltam facilmente


Funcionárias da Biblioteca Municipal “Francisco Rodrigues dos Santos” foram alvo de críticas nas redes sociais nesta semana devido ao descarte de uma grande quantidade de livros.

No entanto, o procedimento foi realizado de acordo com a legislação segundo Josana Souza Carlos, Suzely Dainese e Eliana Almeida Barja, bibliotecárias responsáveis pela entidade.

Segundo Josana, o descarte é realizado em todas as bibliotecas do país e ensinado em cursos de biblioteconomia. “Nós temos o conhecimento técnico para avaliar se um livro irá para o acervo ou não”, explica.
Ela aponta que a maior parte dos livros que chegam à biblioteca é oriunda de doações. Porém, nem todos os itens estariam em condições de integrar o acervo. “Todos os livros são analisados, levando em conta o seu valor histórico e condição física. Se uma obra está muito danificada ou infestada por pragas, mas não possui nenhum valor histórico, então ela é descartada”, diz.

A bibliotecária Suzely também destaca que muitos livros chegam ao local praticamente sem condições de uso. “Muito do que é doado chega corroído por brocas, traças, fungos e fezes de rato. Se não descartarmos, corremos o risco de contaminar todo o acervo”, diz.

As servidoras disseram que, como a Prefeitura não possui um sistema próprio para que os livros sejam descartados de maneira correta, um catador de reciclagem faz a retirada periódica do material. No entanto, a chuva teria impedido o recolhimento na sexta-feira, 21. “Não podemos deixar os livros aqui e a biblioteca não possui um veículo que possamos levá-los até o centro de reciclagem”, alega Josana.

Sem estantes, os livros que já passaram pela triagem são colocados em caixas no chão
Sem estantes, os livros que já passaram pela triagem são colocados em caixas no chão

FALTA DE ESPAÇO – A falta de espaço físico na biblioteca impossibilita a triagem e o descarte corretos. Em uma única sala estão acomodadas as doações recém chegadas, livros já catalogados e o material separado para a reciclagem. “Não deveria ser assim, mas não temos uma sala externa ou outro local para realizar esta etapa do trabalho. É por isso que realizamos a triagem e em seguida colocamos o que não pode ser utilizado para fora para evitar contaminação”, justifica Eliana.

O local também enfrenta a falta de estantes para acomodar os livros já desinfectados. “Temos muitos livros que já passaram pela triagem. Em alguns casos, quando o dano não é total, realizamos o procedimento de desinfecção. Mas não temos estantes suficientes para disponibilizar os novos itens à população, por isso em muitos casos eles ficam guardados”, diz Josana.

A ausência de estantes faz com que a maior parte desse material fique alojada no chão enquanto aguarda uma “vaga” nas estantes da biblioteca.

Publicações históricas, como uma edição comemorativa dos 50 anos da HQ Flash Gordon (1987) e o livro “A Prática Elementar da Homeophatia” (1866) aguardam restauração
Publicações históricas, como uma edição comemorativa dos 50 anos da HQ Flash Gordon (1987) e o livro “A Prática Elementar da Homeophatia” (1866) aguardam restauração

PRESERVAÇÃO – A Biblioteca Municipal de Avaré possui um acervo de publicações com grande valor histórico, inclusive uma coleção com diversos jornais locais já extintos.

Segundo Josana, existe um esforço para que essas obras sejam restauradas e digitalizadas. “São livros do século XIX e XX que devem ser preservados. Essas obras passam pelo processo de desinfecção e estão aguardando a criação de um acervo histórico, que ainda não existe devido à falta de verba”.

Entre as relíquias, existem edições de 1880 do primeiro jornal da cidade, “O Rio Novence”. “Há quase dois anos estamos lutando para que isso seja restaurado e digitalizado. No entanto, não conseguimos patrocínios e ainda não há previsão para que uma licitação seja feita garantindo que esse patrimônio de Avaré seja preservado”, finaliza Josana.

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