AcontecendoEm carta aberta, médico do Pronto Socorro de Avaré pede “socorro”

A Comarca2 de setembro de 20148 min

Em carta aberta, médico do Pronto Socorro de Avaré pede “socorro”

Da Redação

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“Venho amplificar um pedido de socorro que há muito ecoa nos corredores do Pronto Socorro de Avaré”. Com essas palavras o coordenador do Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Segurança Pública (Gamp), empresa que presta serviços médicos ao Pronto Socorro (PS), o médico João Paulo Marmo Pereira, iniciou a carta aberta de pedido de socorro que foi encaminhada à Central de Regulação de Vagas do Estado de São Paulo (Cross) relatando a dificuldade do PS Municipal.

No documento, João Paulo solicita que a Central deixe de encaminhar pacientes com problemas cardíacos ao Pronto Socorro de Avaré. Ele relata que no dia 4 de agosto, um paciente da cidade de Fartura com problemas cardíacos foi encaminhado ao PS. Porém, a unidade não dispõe de um profissional plantonista especialista nesta área. Outro problema relatado pelo médico é que o local não tem equipamento adequado. “…não temos marca-passo provisório e não temos cardiologista na retaguarda do Pronto Socorro”, relata.

O médico destaca ainda que a unidade não tem estrutura e teme pela morte de pacientes. “Para nós, médicos deste PS, um paciente a mais e meio a mais de 500 atendimentos por dia é apenas uma gota em um oceano, no entanto, receber um paciente quando não temos estrutura para este e vê-lo morrer em nossa frente, sem nada poder fazer, é algo que corrói a alma, destrói tudo que acreditamos ao abdicarmos por diversas vezes de nossas próprias vidas para exercer a medicina”, desabafa. “Não podemos nos iludir com uma falsa regionalização, ferindo os princípios da equidade na assistência a esses pacientes”, completa.

RESPEITO À VIDA – Para ele, encaminhar pacientes com problemas cardíacos para Avaré seria como um erro. “Diversas vezes, ao discutir esse assunto com os médicos reguladores, sempre argumento que encaminhar pacientes cardiológicos para Avaré era uma iatrogênica (doença com efeitos e complicações causadas como resultado de um tratamento médico)”. “Respeito a posição dos médicos regulares, mas acima disso, respeito a vida e a dignidade humana”.

No final do documento, o médico pede uma saída para o problema. “Esta carta a vossa senhoria é minha primeira atitude na coordenação médica deste PS e realmente espero uma saída para esta problemática”.

GESTANTES – João Paulo também comunicou a Central de Regulação de Vagas do Estado de São Paulo sobre a dificuldade que vem encontrando em relação ao atendimento às gestantes no Pronto Socorro Municipal.

“Desde meados de julho, de forma unilateral, os médicos pertencentes à retaguarda de ginecologia e obstetrícia decidiram suspender o atendimento de livre demanda e só atenderão de forma referenciada. No entanto, nós médicos clínicos plantonistas estamos encontrando resistência desses profissionais em realizar avaliações, ou algumas vezes, avaliações absurdas. Sendo assim, venho informar que caso ocorra esses eventos, pensando no bem estar do paciente, encaminharemos o pedido de avaliação para a Cross”. (Confira a matéria sobre o problema com o atendimento às gestantes nesta edição).

SECRETÁRIA – A secretária de Saúde, Vanda Nassif, concordou com a reclamação do médico e criticou a Central de Regulação de Vagas, que é um órgão do Governo Estadual. Ela informou que Avaré atende a 16 municípios e relatou que, muitas vezes, os pacientes ficam esperando por horas por uma vaga em outra cidade.

Vanda revelou que durante a semana cerca de cinco pacientes teriam ficado na sala de observação aguardando transferência. “Está todo mundo revoltado, tanto nós como a Santa Casa e até eu estou”, disse.

Para ela, a reclamação do coordenador da Gamp sobre a falta de estrutura estaria relacionada ao fato de Avaré não comportar o recebimento de tantos pacientes com problemas cardíacos, sendo que essas pessoas deveriam ser encaminhadas para centros maiores. Ela relatou que o Pronto Socorro não dispõe de marca-passo definitivo. A secretária disse que chegou a marcar uma reunião com a diretora regional da Central de Vagas, porém a responsável estaria de férias.

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