Chefe da Guarda Municipal é acusado de agredir moradores de rua
Segundo denúncias, os sem-teto são agredidos fisicamente com chutes e até mesmo tapas no rosto; agressões são praticadas principalmente nas madrugadas
Da Redação
Após a publicação de matérias da Comarca mostrando a situação enfrentada por moradores de rua em Avaré, no início de agosto algumas pessoas denunciaram a ação do chefe da Guarda Civil Municipal, que estaria agredindo essas pessoas.
A reportagem foi procurada por um grupo que alega ter visto várias situações que estão em desacordo com a conduta moral esperada deste profissional. Segundo os denunciantes, José Carlos de Oliveira, o Carlão, chefe da GCM, foi visto diversas vezes em atitude de agressão contra os moradores de rua.
As supostas agressões ocorreriam geralmente durante à noite, ou nas madrugadas. “Isso é um crime. Essas pessoas já sofrem o suficiente por viverem nas ruas, e ainda por cima precisam aguentar esse tipo de humilhação”, destacou um dos denunciantes.
Segundo o relatado, José Carlos também proíbe que andarilhos se abriguem no quiosque existente no Largo do Mercado e na Concha Acústica. “Pode estar chovendo que os mendigos são expulsos destes locais, que é o único abrigo que eles encontram contra a chuva”, disse uma mulher indignada com a situação.
SEM BEBIDA
Durante uma das supostas agressões, Carlão teria chutado as latas que os andarilhos utilizavam para fazer suas refeições na Praça Japonesa. “Ele já chegou chutando as latas que estavam no fogão improvisado, dizendo que Avaré é uma estância turística e que praça não é lugar de cozinha”, comentou o denunciante.
De acordo com eles, também é comum o guarda civil jogar as garrafas de bebidas. “Eu sei que o alcoolismo é um problema sério, porém não é jogando fora a bebida de quem vive na rua que esta situação será contornada. Muitas vezes a ‘cachacinha’ é a única coisa que eles têm para se aquecer, ou para esquecer um pouco a vida que levam”, disse um outro jovem.
O grupo de denunciantes preferiu não se identificar, pois temem sofrer algum tipo de perseguição ou represália. Os andarilhos foram procurados pela reportagem, porém não quiseram se manifestar sofre o assunto.
DENÚNCIAS NEGADAS
Por telefone, José Carlos de Oliveira negou qualquer tipo de agressão contra os moradores de rua, destacando ainda que não faz patrulha noturna. “A única coisa que fazemos é tomar a bebida dos andarilhos e jogar fora”, disse. O chefe da Guarda de Avaré comentou ainda que aconselha os andarilhos a tomarem sua bebida em locais mais afastados do centro.
José Carlos disse ainda que fez o pedido de um carro próprio para que os andarilhos fossem recolhidos e levados ao albergue. “Oriento os guardas a só recolherem moradores de rua na presença de um psicólogo ou assistente social”, comentou Carlão.
MAU CHEIRO
O chefe da GCM destacou ainda que a base recebe diariamente inúmeras denúncias com relação aos mendigos espalhados pela cidade, principalmente sobre os que ficam no Largo do Mercado.
“Comerciantes reclamam do mau cheiro, e além disso, muitos andarilhos ficam agressivos quando bêbados. Eles pedem coisas e quando não são atendidos, xingam funcionários do comércio próximo ao local”.
Carlão reitera que não agride os sem-teto e também falou que o atual problema dos moradores de rua está além daquilo que a Guarda Civil pode fazer. Ele acrescenta que sua função é apenas dar apoio à Secretaria de Desenvolvimento Social, pasta gerida por Deira Alice Visentin Villen.