Gesiel Júnior
Especial para A Comarca
Em 1º de agosto de 1945, há exatos 75 anos, através do Decreto Estadual nº 14.908, o interventor Fernando Costa desapropriou quatro glebas de terras, sendo a maior delas pertencente ao espólio do português Carlos Caldeira Braz, para criar a Floresta de Avaré I e ali desenvolver atividades de pesquisa, manejo e exploração racional de reflorestamentos com essências nativas e exóticas.
O popular Braz Caldeira (1867-1937) residiu com sua família no casarão centenário que hoje abriga as Secretarias Municipais do Meio Ambiente e de Turismo. Já os técnicos do Instituto Florestal passaram a atender na casa ao lado.
Mantido como opção para o lazer em família numa localização privilegiada no perímetro urbano, o Horto Florestal tem topografia ligeiramente ondulada e cheia de mananciais, gramados, matas nativas e bosques. Originalmente a sua área abrangia 106,50 hectares, reduzida em 1960, para os atuais 95,30 hectares, com a construção da Penitenciária I.
Por mais de sete décadas coube ao Instituto Florestal, guardião da biodiversidade paulista, garantir a conservação dessa floresta. Aliás, contribuiu para tanto um avareense: o engenheiro agrônomo Mário de Almeida Fagundes, filho do ex-prefeito Felix Fagundes, que dirigiu o IF nos anos de 1975 e 1976, tendo sido decisiva a sua atuação na criação da Fundação Florestal
Ponto de atração turística, em 2010 o Horto foi castigado fortemente por chuvas que resultaram no assoreamento do seu lago, que tem quasequarenta mil metros quadrados de superfície, e motivaram o governo estadual a readequar a barragem por onde correm as águas do ribeirão Lajeado, que nasce nas imediações.
Seis anos depois Ricardo Salles, atual ministro do Meio Ambiente, que respondia pela pasta do mesmo setor em São Paulo, anunciou a venda do Horto Florestal. Porém, houvegrande reação negativa e ele optou por acordo para municipalizá-lo e assim desde 2017 a Prefeitura é parceira no cuidado e conservação da floresta.
TRILHA EDUCATIVA – Para quem quer observar a natureza, a Trilha Educativa, aberta em 1984, é uma boa opção para avistar um pequeno remanescente de Mata Atlântica com várias espécies como o pau-jacaré, a gorocaia, a figueira-mata-pau, a copaíba, bem como algumas ameaçadas, como o palmito-juçara e o cedro-rosa.
Já a fauna local é diversificada podendo ser encontrados exemplares de jacu, tatu-galinha, tucano, macaco-prego, quati e jaguatirica.
Essa trilha pode ser percorrida nos seus 2,5 km. No trajeto há um banhado e um lago de captação de água dos córregos Lajeado e do Cortume, que garantem o abastecimento de 37% da população urbana.
“Em virtude dessas características, a Trilha Educativa é um lugar apropriado para aulas e pesquisas ao ar livre, onde a explicação dos elementos naturais em ritmo de lazer pode despertar a curiosidade e formar o gosto pela natureza”, relata o agrônomo HideyoAoki, ex-diretor do Horto Florestal e autor de interessante estudo sobre o tema.
Visitado por milhares de pessoas anualmente, incluindo estudiosos e pesquisadores de botânica, o Horto Florestal desempenha importante papel em termos técnico-científicos e contribui em termos educacionais e recreativos.
Municipalizado, o espaço precisa de contínuos investimentos e iniciativas da administração pública, não apenas por ser parte obrigatória do roteiro turístico urbano, mas por favorecer a desejada e necessária integração dos cidadãos com o meio ambiente.
Na Piscina do Braz
Nas décadas de 1920 e 1930 a área situada no Bairro Ipiranga, próxima à ferrovia, servia para atividades recreativas. Em 1927, ali havia um pavilhão de danças e bandas musicais compareciam para animar bailes e festas familiares.
Em dezembro de 1936, o dono dessas glebas, hoje reflorestadas, inaugurou a Piscina do Braz, que recebeu a bênção do jovem pároco, padre Celso Ferreira. Popularmente conhecido como Braz Caldeira, o carismático empresário manteve e dirigiu até um time de futebol.
“Vale a pena visitar a monumental piscina, o represamento artístico que corresponde a uma grande propaganda da nossa terra”, anunciava o jornal “O Avaré”. A antiga piscina, muito frequentada pelos jovens, corresponde hoje ao lago artificial do Horto Florestal.