O ônibus envolvido em um acidente em Taguaí, no qual 42 pessoas morreram, trafegava acima da velocidade permitida. Segundo a Polícia Civil, o veículo estava a 89 km/h momentos antes de colidir em um caminhão. Naquele trecho da Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho, o limite é de 80km/h.
A velocidade foi medida por um GPS e registrada por uma empresa terceirizada. O acidente aconteceu em 25 de novembro no quilômetro 172 da rodovia. A colisão causou a morte de 41 passageiros do ônibus e do motorista do caminhão.
De acordo com a polícia, este foi o maior acidente de 2020 nas rodovias do estado de São Paulo. Também foi o maior em número de mortes em 22 anos.
O laudo final para apontar a causa do acidente está previsto para ser entregue em fevereiro. O motorista do ônibus, Mauro Aparecido de Oliveira, disse em depoimento à polícia que os freios do veículo falharam. Por isso, ele invadiu a pista contrária para desviar e não bater em outro ônibus que estava logo à frente.
Além das causas do acidente, a polícia apura tanto a responsabilidade da empresa onde os passageiros do ônibus trabalhavam, a Stattus Jeans, quanto a da Star Turismo, responsável pelo transporte e que estaria operando de forma irregular desde 11 de outubro de 2019.
A Artesp informou que o ônibus não poderia levar passageiros. Também já teria sido multada três vezes pelo mesmo motivo.
A defesa do motorista alega que as condições do veículo eram ruins. A Star Turismo, proprietária do ônibus, nega ter recebido qualquer reclamação.
Motorista não habilitado
Após o acidente, o caminhão do tipo bitrem (com capacidade maior de carga), que carregava esterco, invadiu uma propriedade rural. O motorista do veículo chegou a ser levado ao pronto-socorro de Fartura, mas morreu na unidade.
Em entrevista a companheira do caminhoneiro informou que ele não tinha habilitação para dirigir caminhão, tinha apenas habilitação provisória para carro e, por isso, levava outro caminhoneiro junto nas viagens.
“Com a colisão, uma parte da carroceria do caminhão se desprendeu, foi para o lado do ônibus. Ela ocasionou um grave dano na lateral do ônibus e infelizmente levando a óbito tantas pessoas. Foram arrancados bancos, vítimas com membros decepados, vítimas machucadas”, afirmou Daniel Aparecido Demétrio, capitão da Polícia Militar.
A maioria das 42 vítimas foi velada em ginásios de Itaí. As prefeituras de Taguaí e Itaí decretaram luto oficial por três dias.
A Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho é pista simples, não tem pedágios e não são comuns acidentes parecidos no local, segundo a Polícia Militar Rodoviária de Itapeva.
De acordo com o tenente Alexandre Guedes, porta-voz da PM, foi o maior acidente do ano nas rodovias do estado de São Paulo.
O MPT entrou com uma representação contra a empresa Stattus Jeans Indústria e Comércio Ltda, onde as vítimas de Itaí trabalhavam, e a Star Fretamento e Locação Eireli – EPP, dona do ônibus envolvido no acidente.
O MPT quer saber sobre a responsabilidade das empresas no acidente. Além desta investigação do MPT, a Polícia Civil instaurou um inquérito para saber a causa da colisão, que ainda não foi esclarecida.
Camila Rosa Alves, delegada titular da Polícia Civil de Taquarituba (SP), é responsável pela investigação. Ela informou que a polícia tem duas linhas de investigação: falha nos freios ou tentativa de ultrapassagem em local proibido. Uma perícia foi realizada no local do acidente com um equipamento de tecnologia 3D.
FONTE: G1 ITAPETININGA