Desde a década de 80 que a Educação Infantil vem avançando em estudos e pesquisas sobre a função da creche e da pré-escola, sendo a fase mais importante da vida da criança desde muito pequena e assegurada pela Constituição de 1988, como direito da família e dever do Estado.
De lá para cá, muito se discute sobre a verdadeira visão que devemos ter para com essa importante instituição, já que, dentre tantas possibilidades, não são raras às vezes em que podemos talvez vê-la associada a uma espécie de “depósito”, visão em franca oposição ao que ela verdadeiramente deve ser, ou seja, um centro para múltiplo desenvolvimento da criança
A origem dessa discussão se encontra justamente em seu “surgimento”, já que num primeiro momento, devido ao rápido crescimento urbano e o desenvolvimento do modo de produção capitalista, esse local, de fato, prestava assistência para famílias de baixa renda que necessitavam “deixar seus filhos” aos cuidados de pessoas e instituições seguras para buscá-los após o cumprimento da jornada de trabalho.
Nesse contexto de verdadeira “libertação” das mulheres pela possibilidade do seu ingresso no mercado de trabalho, dissociando-as assim, da sua imagem de pertença exclusiva ao “lar”, cresceram os estudos evidenciando cada vez mais a importância da Educação Infantil como fundamento da Educação Básica, logo, necessitando cada vez mais de foco na educação integral dessa criança, ou seja, para além do mero cuidar, alcançando seu desenvolvimento cognitivo e construção de sua autonomia.
Nesse embate, a creche começa a romper a lógica assistencialista para assumir o seu papel de promotora dos processos de aprendizagem da criança, devolvendo à família, a responsabilidade pela promoção dos cuidados essenciais da criança, lembrando que a criança está nesse espaço, mas não pertencente a ele.
Infelizmente ainda temos um longo caminho a percorrer para que esse conceito chegue integralmente à visão das famílias e de alguns profissionais da educação que ainda enxergam-na como “depósito”.
Essa instituição tem muito a oferecer além do “cuidar”, seus profissionais são, em sua maioria graduados e participam de capacitações oferecidas pela Secretaria da Educação, Diretorias Regionais ou Mantenedoras.
Cabe então a esses profissionais da educação, fazer valer sua formação, buscando doar o melhor de si para a formação das crianças que estão sendo por eles assistidas, e aos pais, a devida valorização dessa instituição e no que nela se produz junto aos pequenos, vibrando com cada conquista e formando, com ela, uma parceria.
Andrea Roza da Silva Giudice
Profissional da Educação