Exclusivo: Revoltados, familiares denunciam assassinato de envolvido no caso Nadsex

Da Redação

Um dos principais escândalos da gestão anterior pode ganhar novos contornos com a denúncia de familiares de um dos pivôs do caso, assassinado a tiros em novembro 2012 em São Paulo.

Para alguns de seus parentes, Alfredo Alderighi Massetti Junior, 29, que participava de fraudes e irregularidades junto ao Núcleo de Assuntos para a Diversidade Sexual (Nadsex), morreu no que seria uma espécie de “queima de arquivo”.

Moradores da Capital, familiares de Alfredo procuraram a Comarca para contar detalhes do caso. Eles pediram para não serem identificados com medo de represálias. “Tem coisa grande por trás, a gente pode ficar muito visada. Ele (Alfredo) morreu baleado na rua. Temos medo de que o mesmo possa acontecer com algum de nós”, afirmam.

Eles asseguram que querem justiça: “A morte dele deu em nada, a Polícia de São Paulo podia ter ido mais fundo. A gente sabe que o inquérito ainda está aberto em Avaré, e se nos chamarem, a gente conta tudo”.

É um casal que conta a história, que nessa reportagem será identificado com os nomes fictícios de Ivany e Juliano. Ela relata que Alfredo residia em São Paulo e que ele tinha contato com um indivíduo que, se tornou integrante do Nadsex em Avaré. Essa pessoa, junto com um membro da gestão anterior, seria um dos mais atuantes na realização das fraudes e devios de dinheiro público junto à administração.

Ivany diz que em 2012, Alfredo também entrou no esquema do Nadsex. Ela conta que, na época, o jovem recebeu bastante dinheiro supostamente oriundo das fraudes. Ainda segundo a parente da vítima, uma empresa foi aberta em nome de Alfredo supostamente para receber o dinheiro desviado.

Por vários meses o esquema funcionou, segundo o casal. Juliano diz que, em dado momento, Alfredo decidiu se separar do grupo. “Ele foi muito ameaçado por um determinado pessoal. Ele era um laranja, e se saísse, ia complicar tudo”, explica.

Ele diz ainda que, em novembro, um dos integrantes do esquema foi atrás de Alfredo em sua residência, em São Paulo. “Essa pessoa o procurou e o convidou pra sair”. Ainda segundo Juliano, esse indivíduo pediu que Alfredo o esperasse na rua. Nessa hora, um indivíduo chegou e atirou a queima-roupa, acertando 12 tiros em Alfredo, que morreu na hora.

Ela conta detalhes íntimos da relação de Alfredo com a pessoa que o colocou no esquema do Nadsex. “Esse rapaz vivia atrás do Alfredo, pagava suas contas”, revela. Na entrevista, a mulher dá a entender que Alfredo teria atuado como garoto de programa, sendo supostamente mantido financeiramente na época, por esse integrante do escândalo.

Ivany afirma que, se a Polícia pedir a quebra do sigilo bancário de Alfredo, vai constatar que essa pessoa do esquema sacou dinheiro depois da morte do jovem. “Inclusive essa mesma pessoa queria o Atestado de Óbito urgente do Alfredo. Ele conseguiu com o pai do rapaz. Havia uma conta em que ele estava interessado. Isso é uma prova”.

Ela acrescenta que há uma filmagem que está no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo que mostra o envolvimento direto dessa pessoa na morte de Alfredo. “Tudo aconteceu porque o Alfredo tinha arranjado uma namorada e que ele ia largar essa vida, ia se afastar desse pessoal. Foi nessa hora que ele começou a receber ameaças de morte”.

Para Irany, a então namorada de Alfredo também teve que se esconder, com medo das ameaças. “Ela não fala com mais ninguém, tem medo desse pessoal. Essa moça também acredita que Alfredo morreu porque saiu do esquema”, diz.

Até um seguro de vida de Alfredo tentou ser resgatado judicialmente por um dos integrantes do Nadsex. “Tem até processo, um desses que estava ligado a essas fraudes tentou receber um seguro de vida do Alfredo, chegou a dizer que tinha um relacionamento com ele, isso está na Justiça, é público”, acrescenta Ivany. Para ela, esse seria mais um indício que poderia levar à motivação do crime.

Juliano diz que há fortes suspeitas de quem tenha encomendado o crime. “Temos detalhes de tudo o que aconteceu”. Ivany diz que, na época, a delegacia encarregada de investigar o caso não a chamou para depor. “Eu tenho muita coisa para falar, tenho provas, e sei de pessoas que me passaram informações que fazem a ligação da morte do Alfredo com todo esse esquema”, declarou. “Queremos justiça e esse crime não pode ficar impune. Se a polícia de Avaré investigar, vai ver toda a ligação entre um caso e outro. Temos meios de mostrar novas provas disso”, afirma o casal.

EM TEMPO – Em virtude da contundência das denúncias, a reportagem omitiu nomes e maiores detalhes, inclusive de ordem pessoal e íntima, no intuito de preservar a imagem de todos os citados. O depoimento dos familiares foi gravado e cópias da fita estão guardadas em locais seguros.