Autor confesso do assassinato de Paola é preso pela Polícia
Acusado foi detido em São Paulo e trazido para Avaré; segundo policiais, homem já era procurado por outro crime e estava foragido
Da Redação
Através de uma árdua investigação, a Polícia Civil de Avaré, atuando conjuntamente com policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) da Capital, conseguiu identificar e prender o assassino confesso do travesti Anderson Arruda Camote, conhecido como “Paola”.
O caso ocorreu em 8 de junho deste ano e teve grande repercussão em vários órgãos de imprensa e até em sites de notícias internacionais. Na época, o corpo sem vida de Paola foi encontrado às 16:30 em um cafezal na zona rural de Arandu.
Seu corpo estava semidespido, com as pernas e mãos amarradas com as roupas íntimas, apresentando perfurações no tórax, costas e no pescoço. Além de preservativos, no local do crime foi encontrada a bolsa da vítima revirada, faltando celular, dinheiro e outros pertences.
Em coletiva de imprensa realizada na quinta-feira, 27, o delegado seccional Jorge Cardoso de Oliveira, o delegado Marco Aurélio Gonçalves Gomes, titular de Arandu, e o investigador Alexandre Aurani, Delegacia de Investigações Gerais (Dig) revelaram detalhes da investigação que culminou com a prisão do autor do crime, apontado como A.J.S.F., de 35 anos, natural de Uruçuca (BA).
Na coletiva, o delegado Marco Aurélio afirmou que A. confirmou ser o autor da morte de Paola. Ele foi preso na quarta-feira, 26, às 18 horas, em São Paulo, e chegou ao Palácio da Polícia Civil, em Avaré, por volta da meia-noite da mesma data. Ele encontra-se detido, à disposição da Justiça.
AVANÇO – Segundo o delegado, um passo importante da investigação foi localizar o celular de Paola que havia sido roubado pelo criminoso. A Polícia encontrou o celular com uma pessoa que disse ter comprado de A., e a partir daí foi possível fazer a investigação avançar ainda mais.
Conhecido por “Baiano”, A. residiu por cerca de 4 anos em uma fazenda de Arandu. Segundo a Polícia apurou, após o assassinato de Paola, “Baiano” vendeu o veículo e foi embora às pressas, tomando rumo ignorado.
De posse do nome do suspeito, eles descobriram que havia um mandado de prisão contra A. expedido na Bahia por causa de um latrocínio. Ele teria matado um homem durante um assalto, cometido juntamente com mais 3 criminosos.
Outro avanço na investigação foi quando a Polícia conseguiu localizar outro travesti que vítima de “Baiano”. Na ocasião, A. levou dinheiro da vítima, além de ter pedido o celular – que no momento a pessoa não portava.
O travesti disse aos policiais que o criminoso, depois de roubá-lo, dirigiu-se para Arandu. A vítima apontou a foto de A., reconhecendo-o, e até o carro que ele dirigia.
PRISÃO E CONFISSÃO – A partir daí, em agosto o delegado solicitou à Justiça a prisão temporária do suspeito. Apesar das dificuldades em localizar o autor do crime, a Polícia Civil de Avaré descobriu que “Baiano” estava escondido na favela de Paraisópolis, na Capital.
Os policiais também apuraram que A. estava trabalhando em uma lanchonete de alto padrão em Moema. Com apoio do DEIC da Capital, foi montada uma “tocaia” para prender “Baiano”. Na ação, uma equipe do DEIC cuidou das entradas e saídas do local, e policiais de Avaré fingiram-se de clientes.
Após efetuada a prisão, A. confessou o crime e forneceu detalhes do assassinato do travesti. Ele contou à Polícia Civil que abordou Paola se passando por cliente. Em dado momento, “Baiano” diz ter desferido uma joelhada no rosto da vítima que, para se defender da agressão, pegou uma tesoura na bolsa.
- diz que conseguiu tomar a tesoura das mãos de Paola e que passou a desferir golpes no corpo da vítima, que desfaleceu. “Baiano” disse ainda que usou a roupa íntima da vítima para amarrá-la. Chamou a atenção dos policiais o fato de que A., perguntado se havia usado uma faca, assegurou ter utilizado uma tesoura como arma do crime – o que é compatível com os ferimentos no corpo da vítima.
CONTRADIÇÃO – Na coletiva, A. foi qualificado como um “tipo comum”, uma pessoa bem articulada e que justificou o crime como homicídio – e não latrocínio (que é roubo seguido de morte). “Baiano” disse à Polícia que, na ocasião dos fatos, Paola jogou uma garrafa em seu carro. Por isso o criminoso alega ter se passado por cliente para se vingar do travesti, assassinando-o. “Essa é uma versão controversa, com pontos contraditórios e pouco consistente”, afirma o delegado Marco Aurélio.
Ele também observou que “Baiano” não demonstra arrependimento do que fez, afirmando que “iria encarar a cana (prisão) de boa”. No interrogatório, A. disse que vai mostrar onde foi jogada a tesoura, e buscas já estão sendo organizadas para localizar a arma do crime de acordo com as indicações do criminoso.
A Polícia de Avaré também descobriu que “Baiano” teria dito que cometeu outros 4 assassinatos, 2 em São Paulo e 2 na Bahia, para uma testemunha. “Tudo isso vai ser apurado. Todos os crimes são investigados, persistimos na investigação, que tem que ser de qualidade, e agradeço ao apoio do Ministério Público e do Judiciário, fundamentais em nosso trabalho”, disse o delegado seccional, que elogiou o trabalho da equipe envolvida na investigação.
Outro ponto que chamou a atenção na coletiva foi a informação que A. demonstrava “comportamento sexual desajustado e compatível com quem detesta travesti”.
Segundo o investigador Aurani, “nada é descartado em relação a outros crimes”. De acordo com as características do criminoso, havia o temor de que “se ele continuasse solto, poderia voltar a matar”, acrescentou o policial.