“Estamos correndo risco de vida”, afirma morador sobre eventual desabamento
Barranco ameaça desabar sobre residências; Bairro também está tomado por buracos, lixo e esgoto correndo a céu aberto
Da Redação
O risco eminente de desabamento de um barranco vem tirando o sono de moradores do Bairro do Camargo, em Avaré. Segundo eles, o volume de terra ameaça desabar sobre as casas, o que pode gerar uma tragédia. Além disso, a população do local reclama que o bairro está abandonado.
A Comarca esteve no local na tarde de quarta-feira, 11, e pôde conferir a situação. Segundo o morador Mauro de Castro, que reside no local há mais de 10 anos, várias reclamações foram feitas para a Prefeitura, mas nenhuma atitude foi tomada. “Estamos com medo de morrer. Quando chove a água que escorre do barranco chega a invadir minha casa. Gravamos vários vídeos para provar o que estou falando”, relata.
Mauro afirma já ter registrado várias reclamações na Prefeitura. “Há vários anos eu reclamo na Prefeitura, mas nenhuma atitude é tomada para resolver o problema. Será que eles estão esperando que aconteça uma tragédia?”, questiona.
O morador revelou que o secretário de Obras, Paulo Cicconi, teria ido ao local. “O Cicconi veio até aqui com uma pessoa da Defesa Civil. Ao invés de solucionar o problema, ele me mandou procurar a Defensoria Pública e o Decon (Departamento de Convênios). Como assim? Eu paguei o meu IPTU de 2015 à vista e cadê os meus direitos?”, desabafou.
Além de Mauro, outros três moradores correm o mesmo risco. “Temos um vizinho que teve que pagar do próprio bolso cerca de R$ 20 mil para construir o muro de arrimo. Eu não tenho esse dinheiro. Tenho conhecimento que o Governo (de São Paulo) liberou uma verba para a construção dos muros, mas até agora nada foi feito. Estou pensando em até mudar daqui”, revela.
Durante visita ao bairro, a Comarca localizou a placa do governo estadual que informa a construção de muro de arrimo. O convênio foi assinado em 2009 e até o momento a obra não foi concluída. O valor é de quase R$ 625 mil.
Informações dão conta que a obra iria beneficiar somente alguns moradores. A reportagem também verificou que algumas rachaduras já aparecem no muro de arrimo, o que também poderia ocasionar um desmoronamento.
As casas foram entregues pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Em 2012, depois de um deslizamento, um morador ficou soterrado e foi resgatado por vizinhos. Na época, a Prefeitura confirmou a liberação de cerca de R$ 700 mil para a construção do muro de arrimo, porém o valor não foi suficiente para atender a todas as residências em risco.
MAIS PROBLEMAS – Além do risco de desabamento do barranco, os moradores sofrem ainda com a existência de buracos, lixo e esgoto a céu aberto.
A maioria das ruas do bairro está tomada por buracos. A Rua Engenheiro Waney de Oliveira Sales é uma das piores. Outras vias como a José Bruno, Paulo Alves, Sérgio Barreira, entre outras, também estão com diversos buracos no asfalto. “Estamos abandonados pelo poder público”, disse a moradora Josefina Pacífica.
Além dos buracos, alguns moradores sofrem com o vazamento de esgoto que corre a céu aberto há cerca de quatro dias. “Já não sei para quem reclamar. Na semana passada o esgoto estava vazando de uma boca de lobo, agora uma tubulação se rompeu, abriu um buraco e essa água fedorenta está escorrendo. O cheio é insuportável”, disse a moradora.
A falta de consciência dos moradores também prejudica o bairro. Em vários pontos, a Comarca detectou trechos onde algumas pessoas depositam lixo. Até mesmo um colchão foi encontrado no local. Também foram encontrados restos de móveis, lixos orgânicos, entre outros. “Fomos abandonados pela Prefeitura”, a moradora.