Editor do Jornal do Ogunhê afirma que decisão judicial é “alerta para a imprensa”
Da Redação
“A questão não é contestar, é o rigor da medida que está sendo aplicada”. É assim que Wilson Ogunhê, jornalista e editor do site que leva o seu nome, levanta a questão do direito de resposta que está sendo publicado na primeira página de seu blog de notícias.
“Na verdade eu tenho que falar: isso é muito sério. É um alerta para a imprensa. Estou cumprindo a decisão do juiz, que determinou que eu publique, por dois meses, um direito de resposta em favor do ex-prefeito Joselyr Silvestre. Mas o que está chamando a atenção de muita gente é o porquê de se publicar por 60 dias um direito de resposta no meu site. É isso que está chamando a atenção até mesmo de outros blogs e órgãos de imprensa que me ligam querendo saber a motivação desse que pode ser chamado de ‘excesso’ nessa sentença judicial”, disse, em entrevista à Comarca.
Segundo ele, alguns advogados lhe informaram que o direito de resposta outorgado judicialmente, constitucionalmente, deve ser concedido em proporcionalidade com o espaço que gerou a denúncia. “Tá na lei. Se um jornal impresso, por exemplo, publicar uma matéria de meia página que alguém entenda que deva ter um direito de resposta via judicial, se um juiz entender que deva conceder essa ação, a sentença refere-se à publicação da resposta no mesmo espaço, do mesmo tamanho, na mesma página, pelo mesmo período. É isso. Então, muitos estão entendendo que pode estar ocorrendo um rigor muito grande por parte da Justiça com relação à aplicação desse direito de resposta contra o meu site”.
SEM RECURSO – Ainda de acordo com Ogunhê, o mais curioso é que ele acabou sendo sentenciado na ação sem ao menos recorrer. “A ação estava aberta, justamente porque o ex-prefeito e seu amigo Athail Vieira reforçaram por diversas vezes que os processos seriam retirados, razão pela qual não recorri, na época. E eu ainda levei uma bronca do meu advogado que entendeu que eu deveria recorrer, mas não recorri por acreditar, pelo menos até naquele momento, no ex-prefeito Joselyr. O próprio advogado da outra parte falou comigo e disse que estava tudo certo. Com relação à reportagem que originou a ação judicial contra mim, digo que agi jornalisticamente, pelo interesse público, não ofendi e nem injuriei ninguém. Mas, de repente, essa ação andou e fui sentenciado ao pagamento de multa e a publicar esse direito de resposta. Ou seja, sequer recorri. Na verdade fui julgado sem me defender. Acredito que se tivesse acreditado no meu advogado, e seguido suas orientações, o resultado teria sido diferente”.
RIGOR – Ele faz questão de agradecer às inúmeras demonstrações de apoio. “É uma luta, vou prosseguir com o meu trabalho. Advogados, jornalistas, entidades de jornais, como a Adjori, amigos, empresários, muita gente tem vindo conversar comigo sobre isso e me dado apoio. Agradeço a todos pela força. Vou continuar minha caminhada. Respeito a decisão judicial, mas tenho que fazer esse alerta. Não sei se tanto rigor está correto. Não estou falando mal nem do juiz e nem da Justiça, e afirmo aqui que vou cumprir essa decisão. Mas esse caso vem chamando muita atenção. E isso está surpreendendo muita gente”.