AcontecendoAtendimentos do Caps de Avaré são alvo de reclamações de pacientes

A Comarca22 de julho de 201411 min

Atendimentos do Caps de Avaré são alvo de reclamações de pacientes

Da Redação

Vera Neide e Amauri ao do filho Rafael; mãe afirma que jovem foi desligado do Caps após ela ter reclamado da coordenadora
Vera Neide e Amauri ao do filho Rafael; mãe afirma que jovem foi desligado do Caps após ela ter reclamado da coordenadora

Familiares de pessoas com transtornos mentais que faziam tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (Caps II) de Avaré acusam o órgão de não oferecer um tratamento adequado aos pacientes.

Entre os reclamantes estão Vera Neide Melo Dantas e Amauri Neves de Souza, pais de Rafael, um jovem de 25 anos que fazia acompanhamento no Caps para tratar, segundo sua mãe, autismo, retardo moderado e esquizofrenia.

Segundo ela, o rapaz passava as manhãs realizando terapia ocupacional, consultas com psicóloga e psiquiatra, além de receber medicação. Porém, após alguns acontecimentos, seu filho teria sido desligado do Caps no final do ano passado pela coordenadora Sônia Campanhã. Por conta disso, conseguir agendar consultas e remédios têm se tornado cada vez mais difícil para eles. “Quando fica sem remédio, meu filho se torna extremamente violento, me bate inclusive. Ele precisa tomar os remédios diariamente e para consegui-los, precisa passar no psiquiatra mensalmente. Mas é extremamente difícil conseguir uma consulta”, afirma.

DESLIGAMENTO – Vera Neide alega que o desligamento de Rafael foi realizado pela coordenadora do centro. “Isso aconteceu porque eu e outras mães fomos até o prefeito Poio Novaes e contamos para ele os maus atendimentos que a Sônia comete lá”, destaca.

Segundo seu relato, por mais de uma vez a coordenadora a teria humilhado. Em um dos casos, Vera afirma que a coordenadora começou a xingá-la por telefone por não ter ido buscar o filho no Caps. “Eu passei mal, minha pressão subiu, fui levada pelos Bombeiros ao Pronto Socorro e perdi a hora de pegar meu filho. A Sônia ligou me xingando, dizendo horrores”, afirma.

Vera diz ainda que Sônia alega que o CID (Classificação Internacional de Doenças) referente a seu filho seria incompatível com a proposta do Caps, sendo necessário que ele fizesse tratamento na Apae. Porém a mãe do rapaz alega ter problemas no joelho, que impedem sua locomoção, o que a impediria de levar o filho à Apae.

MAIS CASOS – Ana Maria Taveira Moraes afirma que o filho Edson também recebeu tratamento inadequado, tendo inclusive recebido superdosagem de medicação por duas vezes.

Ana Maria disse à Comarca que trabalhou como voluntária no Caps, dando aulas de trabalhos manuais, e durante esse período pôde observar algumas atitudes tomadas por Sônia Campanhã.

A ex-voluntária comenta casos que viu enquanto frequentava o Caps. “Uma vez uma garota sofreu um desmaio na cozinha. Sônia arrastou a menina aos berros, dizendo que a paciente estava fingindo. Além disso, ela vivia maltratando os pacientes, dizendo que estavam fedendo, que tinham a boca podre. Não dá para admitir coisas assim”, acusa.

Em outro relato, Ana Maria afirma que um paciente que gostava de ajudar na cozinha e acabou tendo um surto após se envolver em uma discussão com Sônia por causa de uma verba de R$ 300 mil que o Caps teria recebido. Ao invés de tentar contê-lo, a coordenadora acabou chamando a polícia.

Após ser preso, o paciente teria ligado para Ana e relatado todo o caso, então ela mesma entrou em contato com a coordenadora. “Esse rapaz é também diabético e estava sem comer. Isso é um problema muito grave. Após nosso contato Sônia foi até a delegacia, o paciente assinou um termo e foi liberado. Mas depois disso ele foi desligado do Caps”, destaca.

Ana Maria afirma que o filho Edson teria recebido superdosagem de medicação por duas vezes no Centro de Atenção Psicossocial
Ana Maria afirma que o filho Edson teria recebido superdosagem de medicação por duas vezes no Centro de Atenção Psicossocial

DENÚNCIAS – Em agosto de 2013 Ana enviou uma denúncia ao vereador Roberto Araújo, que protocolou um requerimento pedindo explicações ao prefeito Poio Novaes e ao então secretário da Saúde, Miguel Chibani. Porém ela afirma não saber se o requerimento foi respondido.

Na Defensoria Pública, a denúncia também foi feita por Ana Maria e pelo paciente que teria ido parar na delegacia. No documento, ambos afirmam terem sidos maltratados no local. “Para meu espanto, no começo de abril deste ano eu recebi uma carta da Procuradoria ressaltando que a Sônia teria ido até a unidade e mostrado uma carta redigida e assinada por mim, datada de 2 de abril, na qual eu estaria me retratando de todas as acusações. Porém eu não escrevi carta alguma”, afirma.

Indignada com o fato, Ana voltou à Procuradoria no dia 23 de abril e pediu para que fosse redigido um termo no qual declara não ter regido carta alguma.

Outros pais que estariam em desacordo com a conduta de Sônia teriam denunciado os acontecimentos ao Ministério Público. O documento, protocolado de maneira anônima datado de 30 de agosto de 2013, afirma que Sônia supostamente praticaria maus-tratos e agressões psicológicas.

A denúncia afirma ainda que funcionários não cumprem horário e que ficam no local apenas a copeira e uma auxiliar de enfermagem. Em outro trecho, a denúncia segue dizendo que “Sônia recebe toda a verba do Estado para o tratamento dos pacientes, mas na prática estão sem nada. Não tem acessibilidade para portadores de deficiência e, por conta disso, não podem receber pacientes cadeirantes”, finaliza o texto.

Todos os familiares ouvidos pela Comarca afirmam que esperam a saída de Sônia do Caps de Avaré para que seus filhos voltem a realizar tratamento no local.

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