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A Comarca30 de setembro de 201410 min

Cooperativa de Laticínios de Avaré não deixou de existir, afirma Rico Barreto

Da Redação

Entrevista Rico

Após as polêmicas que envolveram a Cooperativa de Laticínios de Avaré (CLA) nos últimos meses, o diretor-executivo Rico Barreto afirma que a cooperativa não deixou de existir, nem foi dissolvida pela Castrolanda.

De acordo com ele, apesar de não mais receber leite e ter finalizado sua produção, culminando na demissão em massa de 40 trabalhadores, esta foi a única solução para não deixar que os cooperados arcassem com as dívidas da CLA.

Em uma longa entrevista à Comarca, Rico afirmou que, até por volta de março deste ano, havia uma esperança generalizada de que a cooperativa pudesse se modernizar, passando a oferecer novos produtos e voltar a crescer. “Em 2013 apresentei um novo estatuto, pois para modernizar a CLA, deveríamos também modernizar sua gestão”, a partir de então, um conselho foi formado, contanto com a criação de um cargo de gerente, tendo sido contratado um especialista em produção para ocupar o cargo.

Para alavancar as mudanças, a CLA se inscreveu no programa Microbacias II, do governo estadual, o que garantiria o reembolso de 50% do dinheiro investido na modernização.

“Chegamos a ter o projeto aprovado, mas esbarramos na impossibilidade de conseguir empréstimos para realizar os investimentos. A CLA está com seus bens penhorados na União, e por isso não conseguimos empréstimos nos bancos”, comenta.

De acordo com o diretor-executivo, o único banco que se prontificou a emprestar dinheiro foi o Crediceripa, por também se tratar de uma cooperativa, no entanto, o valor necessário para possibilitar as mudanças não foi alcançado.

PASSADO – Outro ponto que contribuiu para a atual conjuntura foi o não investimento dos cooperados em sua produção. “Para investir mais, precisávamos também começar a receber mais leite, e de melhor qualidade. Mas devido a situações que a Cooperativa sofreu no passado, os produtores estavam desacreditados, e não investiram em sua produção. Se todos tivessem acreditado, a CLA não teria chegado a esse ponto”, destaca.

Sem condições para o crescimento, e tendo que arcar com os gastos de uma pesada folha salarial, manutenção, gastos operacionais, e compra de leite dos produtores, Rico Barreto afirma que a parceria com a Castrolanda, cooperativa do Paraná, foi o melhor caminho para conseguir solucionar o problema da cooperativa avareense. “Foram os 90 dias mais difíceis que já vivi”, afirma Rico Barreto

O diretor afirma ainda que, ao contrário do que muitos pensam, os funcionários já sabiam que as demissões aconteceriam. “Eles, mais do que ninguém, sabiam como estava sendo o nosso dia-a-dia. Conseguimos ainda, com muito sacrifício, arcar com a rescisão salarial, com custo de R$ 700 mil”.

DÍVIDAS – Rico frisou ainda que, além da rescisão, a CLA pagou aos produtores o valor de R$ 550 mil, referente ao leite entregue até o dia primeiro de setembro. “Conseguimos esse dinheiro graças a parceria com a Castrolanda. Muito tem se falado, mas a verdade é que tentamos de tudo, mas continuar arcando com os gastos da produção, sem receber a quantia de leite necessária para conseguir produzir o suficiente para alavancar a CLA, estava se tornando cada vez mais difícil. Chegaríamos a um ponto que nossas dívidas ficariam novamente maiores que nosso patrimônio, como o que já ocorreu no passado”, frisa.

Para Rico Barreto, apesar das inúmeras críticas que vem sofrendo, a decisão, que não foi tomada apenas por ele, mas também pelo conselho da Cooperativa de Laticínios de Avaré, esta foi a única maneira de garantir que os produtores não tivessem prejuízo, nem tivessem que arcar com os prejuízos de uma possível dissolução da cooperativa. “Conseguimos garantir essa parceria, que possibilitará muitos benefícios a todos os produtores, que continuam sendo cooperados à Cooperativa de Laticínios de Avaré. A CLA não fechou suas portas”, destaca.

Desde o início de setembro, o leite produzido pelos cooperados a CLA está sendo beneficiado em Itapetininga. De acordo com Rico, A CLA é cooperada da Castrolanda, sendo assim, os cooperados da CLA passam a ser “sócio-terceiros”, da paranaense, podendo usufruir de benefícios, como melhor preço na hora de adquirir insumos.

ORIGEM DA CRISE – Durante a entrevista, Rico Barreto, diretor executivo da Cooperativa de Laticínios de Avaré (CLA), destacou que a situação que culminou na demissão dos funcionários e paralisação do beneficiamento do leite vem se arrastando desde a década de 1990, quando após uma série de fatores, como processos e erros administrativos, a CLA passou a ter uma dívida cerca de três vezes maior que seu patrimônio.

De acordo com Rico, na época os cooperados “tiraram dinheiro do bolso”, para arcar com o prejuízo. Apesar do esforço, por volta de 1998, dezenas de funcionários foram demitidos, e além do prejuízo já existente, a cooperativa passou a arcar também com dívidas trabalhistas.

A CLA conseguiu parcelar as dívidas, a coma União, por exemplo, no valor de aproximadamente R$ 6,5 milhões, foi renegociada, caindo para pouco mais de R$ 2 milhões e parcelada em 180 vezes.

Além de ater ainda um grande passivo, a CLA também possui processos judiciais contra ex-diretores. “Não há como se falar que a cooperativa fechou, ou que foi incorporada. Nós ainda temos restos a pagar e a receber. Claro que, se em determinado momento, a Castrolanda entender que uma incorporação será realizada, isso pode acontecer, mas todos os cooperados vão participar desse processo”, finalizou.

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