Erro em projeto estaria colocando em risco moradores da Vila Veneza
Problema de escoamento de águas pluviais de uma área particular localizada atrás do condomínio teria comprometido o alicerce de um muro que tem risco de desabar, ameaçando habitantes
Da Redação
Dezenas de famílias que residem no condomínio Vila Veneza, em Avaré, vivem o pesadelo de ter parte de suas casas destruídas devido à existência de um muro que ameaça desabar. Um barranco também estaria na iminência de ceder e invadir as residências. O causador do problema seria um erro da execução do projeto executado pela empresa Gecon, responsável pela construção do conjunto habitacional.
Acompanhada do vereador Carlos Alberto Estati e do secretário de Obras e Habitação Paulo Cicconi, a Comarca esteve no local na tarde da última quarta-feira, 28, e pôde comprovar a situação.
De acordo com o apurado, as unidades foram construídas atrás de uma área particular e a empresa não teria reforçado o muro já existente no local. Foi realizado somente o serviço de instalação de taludes, que é um plano para terreno inclinado que limita um aterro e que tem como função garantir a estabilidade do aterro.
Devido à ameaça de o muro ruir por conta das infiltrações, alguns moradores teriam complicado ainda mais a situação ao alterar os taludes com o objetivo de aumentar as residências. Alguns proprietários chegaram a quebrar parte do muro, o que comprometeu toda a estrutura.
Em 2012, uma parte do muro desabou e uma casa foi invadida por lama. “Perdi quase tudo dentro de casa, incluindo sofá, computador, tapete, estantes e vários outros móveis”, destacou a moradora Cristiane Brito. Segundo ela, um trator precisou ser utilizado para retirar terra.
Outro morador, Élcio de Oliveira, também relata problemas: “Quando chove, a água cai toda no meu terreno. Tive que jogar fora um jogo de quarto que eu tinha acabado de comprar. Sempre que chove a gente fica desesperado e com medo de que algo pior aconteça”.
Segundo a síndica do condomínio, Gleice da Silva, os moradores da área afetada não têm recursos financeiros para solucionar o problema. “Pedimos que a Prefeitura nos ajude, pois muitas famílias estão correndo risco de vida”, alertou.
Segundo engenheiros ouvidos pela Comarca, os moradores gastariam cerca de R$ 5 mil para construir muros de arrimo que suportem o barranco e impeça que o muro desabe sobre as residências.
PROBLEMA – Para o vereador Carlos Estati, que foi secretário de Habitação do governo de Rogélio Barcheti, os moradores não poderiam ter retirado os taludes e alterado a estrutura do muro. “Realmente houve um problema na execução da obra, pois as águas pluviais do terreno atrás das residências vêm com uma intensidade muito forte. Como alguns moradores mexeram na estrutura dos taludes, isso acabou afetando o muro. Eles não poderiam ter mexido ali, agora esse barranco coloca em risco algumas residências”, destacou.
Já para o secretário de Obras e Habitação de Avaré, Paulo Cicconi, a empresa deveria ter feito uma obra de escoamento, evitando que as águas pluviais do terreno colocassem em risco a estrutura do muro. “O terreno tem um desnível muito grande e as águas das chuvas descem com muita força. Isso merecia uma medida antecipada. Eu concordo com o vereador Estati com relação aos moradores que mexeram nos taludes e demoliram parte do muro. Isso colocou em risco toda a estrutura deste muro”.
A Comarca apurou que o problema não seria da Prefeitura, já que o empreendimento foi desenvolvido pelo Governo Federal através da Caixa Econômica Federal. Mesmo assim, Paulo Cicconi afirmou que enviará uma equipe para fazer uma análise no local para estudar possíveis providências. “Como essa é uma obra federal, teremos que fazer uma análise para tentar resolver o problema. Vou voltar aqui com engenheiros e uma equipe para estudarmos uma saída. Estamos preocupados com essa situação e vamos fazer de tudo para acabar com a preocupação dos moradores”.
Uma saída seria realizar uma obra social com anuência da Câmara. Ele destacou que levará o problema para o prefeito Poio Novaes para que alguma decisão seja tomada com o intuito de acionar a empresa que executou a obra e também o engenheiro responsável.
PISCINÃO – A Comarca também esteve na Vila Serena e verificou um grave problema que estaria ocorrendo em um “piscinão” também construído pela Gecon. O local está com muito lixo e areia, o que teria entupido os canos de escoamento das águas pluviais. Moradores reclamam de mau cheio e de o local estar servindo como criadouro para o mosquito transmissor da dengue.
Segundo Paulo Cicconi, como no local é cobrado condomínio, a Prefeitura estaria impedida de realizar a limpeza do local ou até mesmo a coleta de lixo na área interna. Caso o município realize algum serviço público dentro dos condomínios, a Prefeitura poderia ser acionada judicialmente.