Gestantes encontram dificuldades no atendimento em Avaré
Da Redação
Parte das gestantes de Avaré não está recebendo atendimento médico no setor de obstetrícia/maternidade da Santa Casa de Avaré. De acordo com informações, as mulheres com até sete meses de gestação estariam sendo encaminhadas ao Pronto Socorro (PS).
Segundo o apurado, as gestantes recebiam um atendimento diferenciado na Santa Casa. No local, além de questões relacionadas à gravidez, os médicos realizavam atendimento clínico não relacionado à gravidez, como gripes, dores de cabeça, entre outros.
De acordo com a médica-chefe da maternidade Lilian Manguli Silvestre, isso acabou sobrecarregando o setor. Lilian explicou à reportagem que o contrato da Santa Casa com a Prefeitura prevê o plantão de retaguarda no local. Ela afirma que esse plantão não estaria ocorrendo (procurada, a Secretaria de Comunicação rebateu a informação, afirmando que o plantão segue normalmente no local).
REIVINDICAÇÃO – Segundo o jornal apurou, para tentar solucionar o problema, no início de 2013 foi realizada uma reunião com o prefeito Poio Novaes e com o secretário de saúde na época Miguel Chibani, na qual os médicos da Santa Casa reivindicaram o aumento do repasse pelo plantão e também a contratação de mais ginecologistas para atender a demanda, o que não ocorreu, já que o concurso público realizado pela Prefeitura realizado não preencheu as vagas existentes.
A chefe da maternidade explica ainda que Avaré possui um grande número de gestantes. Além disso, o município também recebe muitas pacientes de cidades da região. Assim, ao invés de realizar o trabalho de plantão de retaguarda, os médicos acabavam realizando o trabalho ambulatorial, já que o atendimento da rede básica não estava conseguindo suprir essa necessidade devido ao número insuficiente de ginecologistas (atualmente são 4).
STRESS – Lilian Manguli também revelou à Comarca que, para conseguir atender todas as gestantes que davam entrada na Santa Casa, os médicos estavam ficando sem tempo para o atendimento no pré e pós-parto.
Por conta disso, todas as grávidas em fase gestacional de zero a sete meses estão sendo encaminhadas pelos médicos ao atendimento no Pronto Socorro Municipal. O problema é que essas gestantes não estão podendo utilizar o acesso interno entre a Santa Casa e o Pronto e, por isso, são obrigadas a dar uma enorme volta pela rua, criando enormes transtornos e estressando ainda mais as pacientes.
No entanto, Lilian deixou claro que, se no Pronto Socorro for diagnosticado que a grávida possui algum problema grave, os médicos da Santa Casa devem ser acionados e assumem o caso. Ou seja: novamente, as gestantes têm que caminhar pela rua e dar uma enorme volta, já que o acesso interno da Santa Casa não é liberado. Já o atendimento para mulheres com gestação a partir de sete meses continua sendo realizado normalmente na Santa Casa.
PRONTO SOCORRO – A Comarca teve conhecimento de que os médicos do PS não estariam satisfeitos com essa situação, já que o aumento do número de gestantes no local também estaria sobrecarregando, por outro lado, o Pronto Socorro de Avaré.
Além disso, por receber inúmeros casos diferentes por dia, o PS pode oferecer risco às gestantes, já que o local possui grande potencial contaminante e não conta com uma sala exclusiva para que as grávidas esperem o atendimento ou medicação.
Procurada, a Gamp, empresa responsável pelos atendimentos médicos no PS, comunicou que na próxima quinta-feira, 30, será realizada uma reunião com o prefeito Poio Novaes, a secretária da Saúde Vanda Nassif e representantes da empresa, na qual será discutida a possibilidade da Gamp assumir também os serviços de atendimento as gestantes. Caso a hipótese se confirme, a empresa deve contratar médicos que já atendem na Santa Casa.
RECLAMAÇÕES – Reclamações com relação à mudança podem ser vistas nas redes sociais. Na página da Prefeitura de Avaré, uma gestante, com nove semanas e meia de gravidez, afirma ter recebido um atendimento de má qualidade do PS.
De acordo com V.O., ela teria procurado a Santa Casa com um sangramento e foi encaminhada ao Pronto Socorro, onde, mesmo tendo sido chamado um obstetra para atendê-la, não teria sido submetido a um ultrassom. “Não colocam a mão na gente, não se preocupam em saber se o bebê está bem, não fazem nada pra saber o motivo do sangramento”, comenta.
Se dirigindo ao prefeito, a internauta diz: “O que você acha dessa bagunça, desse mau atendimento? Sabemos que jogaram, nós, gestantes para o Pronto Socorro porque você, prefeito, não quer aumentar o salário dos médicos. E por charminho seu, nós pagamos o fato”.
OUTRO LADO – A Prefeitura informou que o acompanhamento das gestantes (pré-natal) foi centralizado no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caisma) em 2011, que atende de segunda à sexta-feira até às 17 horas.
A nota afirma ainda “…que casos relacionados à gravidez são encaminhados para atendimento na maternidade da Santa Casa, onde devem ser atendidos pelo obstetra plantonista de retaguarda”. Ainda segundo a nota, após o horário de atendimento do Caisma, pacientes com quadros clínicos devem procurar o Pronto Socorro.
Com relação aos casos clínicos, ou seja, aqueles não relacionados à gravidez, a nota informa que é “importante conscientizar a população, não apenas as gestantes, de que o Pronto Socorro é destinado à urgência e emergência. Casos clínicos das gestantes podem ser solucionados nas unidades dos bairros”. Para isso, basta agendar uma consulta pelo Central de Agendamento de Consultas (Disque Saúde – 3711-1433), que funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas.
CONCURSO – A informação coincide com alegações da própria Santa Casa, de que há grande demanda de atendimento de gestantes com casos não relacionados à gravidez (casos clínicos).
Sobre a falta de ginecologistas na cidade, a Prefeitura informou o que município conta com quatro profissionais que realizam uma média de 900 atendimentos por mês. As unidades de saúde do município que contam com ginecologistas estão no Jardim Brasil, Bonsucesso, Vera Cruz e Brabância.
Ainda sobre a falta de especialistas, a Prefeitura divulgou que já realizou um chamamento público de três profissionais para atender a demanda. “O concurso público realizado este ano não preencheu as vagas abertas, não houve interessados. Há também a previsão de que Prefeitura conquiste recursos para a construção de um centro de obstetrícia para gestantes de alto risco”, finaliza.