AcontecendoPolícia de Avaré monitorava possível presença de Abdelmassih desde 2011

A Comarca27 de agosto de 20147 min

Polícia de Avaré monitorava possível presença de Abdelmassih desde 2011

Policiais civis da cidade mantinham rotina de acompanhamento das movimentações na propriedade do médico com o objetivo de cumprir mandado de prisão

Da Redação

Abdelmassih conduzido por policiais civis após chegar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo (FOTO: Veja/Folhapress)
Abdelmassih conduzido por policiais civis após chegar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo (FOTO: Veja/Folhapress)

Desde 2011 a Polícia Civil de Avaré vinha monitorando a propriedade pertencente ao médico Roger Abdelmassih com o objetivo de fazer cumprir um mandado de prisão contra ele.

A informação é do delegado seccional Jorge Cardoso de Oliveira. “Em 2011 fizemos diligências no sentido de localizar e prender esse cidadão, que há anos mantinha uma propriedade rural em nosso município. Já sabíamos que ele estava foragido, mas mesmo assim iniciamos um trabalho de monitoramento policial que perdurou até sua recente prisão”, revelou.

O jornal A Comarca conversou com o policial de uma das equipes da Polícia Civil de Avaré, responsável pelo monitoramento. “A gente mantinha uma rede de contatos, sempre que tinha uma movimentação diferente nos dirigíamos até a fazenda para acompanhar e verificar se havia a presença do Dr. Roger naquele local”, destacou.

Cercada de muito verde, a casa mantém um alto padrão e muito conforto, exigências do ex-médico. Segundo o policial – que pediu para não ser identificado –, no início do ano houve fortes indícios de que o médico estaria na fazenda. “Montamos uma campana no local, mas verificamos que ele não se encontrava mais no local”. Esse policial disse que o trabalho foi constante. “O monitoramento é diferente da investigação, que estava correndo por delegacias de outras cidades, além da Polícia Federal. No nosso caso, não nos coube investigar, somente manter esse trabalho de monitorar a fazenda e detectar a possível presença do médico”, revelou.

PRESO – Abdelmassih estava foragido havia três anos, acusado de ter estuprado e abusado sexualmente das pacientes de sua clínica de reprodução, que funcionava na Capital e era uma das mais conceituadas do País. Ele foi preso na última terça-feira, 19, em Assunção, capital do Paraguai, por agentes ligados à Secretaria Nacional Antidrogas do governo paraguaio com apoio da Polícia Federal brasileira. Ele está preso desde a última quarta, 20, na penitenciária Doutor José Augusto Salgado, a P2 de Tremembé, local onde ficou preso em 2009 antes de conseguir um habeas corpus do Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

REPORTAGEM – Em maio deste ano a TV Record fez uma ampla reportagem sobre a investigação em torno do médico Roger Abdelmassih.

Na ocasião, uma equipe de reportagem da emissora acompanhou a Polícia Federal em uma diligência no local, onde foram recolhidos documentos que podem ter ajudado na captura do foragido da Justiça.

De acordo com reportagem da TV Record, existiam fortes evidências de que Roger e sua esposa Larissa Maria Sacco Abdelmassih estiveram por um longo período na propriedade. No local onde foram encontrados inúmeros objetos do casal, como fotos, roupas, sapatos, e até mesmo o vestido de noiva usado por Larissa.

A propriedade atualmente está arrendada por uma empresa produtora de laranja. Em nota, a empresa afirmou que não tem nenhuma ligação com o ex-médico.

TÍTULO DE CIDADÃO – Abdelmassih também era produtor de laranja. Ele chegou a ser homenageado, em 2004, pela Câmara de Vereadores com o título de “Cidadão Avareense” por ser um empresário de destaque e responsável pela geração de muitos empregos.

Porém, com o envolvimento em escândalos, a condenação a 278 anos de prisão pelos crimes de estupro e atentado violento ao pudor e a fuga da justiça, os vereadores da cidade cassaram o título em 2011. “Nós achávamos que não tinha mais sentido homenagear uma pessoa que estava sendo perseguida pela polícia e foragida da Justiça”, destacou o vereador Ernesto Albuquerque.

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