AcontecendoMãe denuncia ausência de enfermeiro em posto de saúde ao MP

A Comarca1 de outubro de 20159 min

Mãe denuncia ausência de enfermeiro em posto de saúde ao MP

Denunciante percorreu três bairros para conseguir profissional para ministrar medicação em filha que sofre com doença crônica

Da Redação

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Boletim de Ocorrência registrado por Anne Caroline, documento foi anexado a denuncia feita ao Ministério Público

Indignada com a falta de profissional para ministrar medicação para sua filha, Anne Caroline de Souza, denunciou ao Ministério Público a ausência de enfermeiro no Posto de Saúde do Bairro Santa Mônica.

O fato ocorreu no dia 25 e setembro e, segundo o relato de Anne, que mora no Duilio Gambini, ela levou a filha, L.S.M., de 14 anos até a unidade de saúde do Bairro Santa Mônica, para tomar uma injeção de metotrexato, medicamento indicado para tratar artrite reumatóide juvenil sistêmica. “Minha filha faz o tratamento para essa doença desde 2012. É uma medicação muito forte, utilizada inclusive para combater o câncer, e por isso só pode ser aplicada por uma enfermeira”, destacou.

No entanto, ao chegar na unidade de saúde, que atualmente funciona de maneira improvisada em um salão de igreja, Anne foi informada que não havia enfermeira para aplicar a injeção. “Cheguei no local e me disseram que a enfermeira estava em São Paulo. Fiquei indignada, pois como é que deixam um Posto de Saúde sem enfermeiro?”, frisou.

Durante entrevista à Comarca, Anne frisou que o caso de sua filha é grave, e que a garota está prestes a realizar uma cirurgia. “A doença que minha filha possui é crônica. Ela toma o mesmo medicamento utilizado por pacientes com diversos tipos de câncer, o tratamento é longo e não pode ficar sem a aplicação do medicamento. Ela toma esse remédio toda sexta-feira, se falhar uma aplicação, isso pode agravar seu quadro de saúde”.

Ainda de acordo com a denunciante, antigamente a filha tomava o remédio em uma farmácia da cidade. “Até um tempo atrás era permitido que o metotrexato fosse aplicado em farmácias, mas agora só pode ser aplicado em unidades de saúde. Além disso, apenas um enfermeiro pode realizar a aplicação”, ressaltou.

O medicamento utilizado pela garota é fornecido pelo governo estadual, e o tratamento de Lé realizado pelo Hospital das Clínicas, em São Paulo, já que o município não possui recursos ou especialistas para tratar a artrite reumatóide juvenil sistêmica.

A doença, considerada crônica, ataca as articulações, causando inflamações, dores fortes e febre, e além disso, a doença também ataca outros órgãos. No caso da jovem L., a doença, além de atingir articulações dos pés, joelhos, pescoço e bacia, também pode estar afetando seus olhos.

FALTA DE MEDICAMENTOS – Apesar da garota receber o medicamento injetável do governo do estado, os gastos com remédios para seu tratamento são altos, porém, a família não está conseguindo receber os remédios da Prefeitura.

De acordo com Anne, o pedido existe desde agosto do ano passado, e até o momento, nenhum remédio foi entregue. “É um tratamento que requer a compra de medicamentos de alto custo. Nossa família vive em um empréstimo atrás do outro. Até meus pais, que já são aposentados, fazem vários empréstimos, seja para comprar medicamento ou para ajudar a pagar exames. Temos até uma decisão da Defensoria Publica, que no dia 18 de setembro deste ano, condenou a Prefeitura a realizar a entrega da medicação, mas até agora, nada”, revela.

Anne frisa que espera duas coisas com as denúncias realizadas recentemente, a primeira é que a filha possa receber o tratamento de forma adequada e a segunda é alertar a população sobre o que vem ocorrendo na saúde de Avaré. “O prefeito comentou em uma rádio que não vê ninguém reclamar da saúde, que não tem nada de errado, mas isso não é verdade. Tem coisa errada sim, coisa que a gente não consegue entender como pode chegar a este ponto”, finalizou.

A Comarca procurou a Prefeitura para esclarecer o assunto. Em nota, a secretária da Saúde, Vanda Nassif disse que “a medicação que a criança precisava receber foi administrada em outra Unidade com supervisão de enfermeiro como deve ser para segurança do paciente”.

Vanda ainda frisou que “só não houve a programação da medicação na Unidade do Duilio Gambini pois segundo informações da mãe a medicação teria sido suspensa devido agendamento de cirurgia da criança a qual não ocorreu”.

Em contato, Anne Caroline de Souza destacou que sua filha faria uma cirurgia no joelho no Hospital das Clínicas, em São Paulo, porém só foi avisada do cancelamento do procedimento no dia 25. No entanto, o procedimento seria realizado na capital paulista, não tendo nenhuma ligação com a ausência de enfermeiro no posto de Avaré. A mãe ainda afirma que a falta de profissional não prejudica apenas sua filha, como qualquer um que tenha procurado a unidade naquele dia.

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